domingo, 6 de novembro de 2011

A Carta

Esta carta foi enviada ao meu amigo (X).

Vivemos tempos conturbados, não é novidade para ninguém, basta ver o telejornal todos os dias.
A famosa pergunta “O que fazer com as poupanças” é preocupação de todos, os programas sobre investimentos recebem centenas de cartas diariamente…

A resposta mais sincera é que ninguém sabe ao certo, não existem métodos infalíveis, tentando cada um proteger-se da melhor maneira possível.
Certeza só existe uma: todo o investimento tem risco, não existindo actualmente nenhum em que as poupanças estejam 100% garantidas.

Eu tenho - a cada dia que passa - uma visão mais pessimista da economia e do caminho reservado a Portugal.
Desde Abril que tenho a mesma opinião, existem 3 caminhos possíveis, nenhum deles conduz Portugal a “porto seguro”.

1.        A Europa resolve os seus problemas e Portugal mantêm o euro como a sua moeda.

2.        Portugal sai do Euro e todos os empréstimos e depósitos existentes são mantidos em euros.

3.        Portugal sai do Euro e todos os empréstimos e depósitos existentes são convertidos na nova moeda.
Eu sempre tive o terrível defeito de pensar pela minha cabeça, para o bem e para o mal sou eu que decido, assumindo todas as culpas das minhas decisões. Prefiro esta maneira de pensar a deixar que sejam outros a decidir por mim, quando os outros a que me refiro são políticos e banqueiros a minha desconfiança crónica tem tendência a aumentar exponencialmente.

Resta portanto analisar os 3 cenários que estão em cima da mesa.

1 – Para Portugal se manter no euro, até 2014 teremos de reduzir os nossos gastos em 12 mil milhões e tomar medidas para aumentar a produção geral do país fazendo com que se cobre mais impostos melhorando assim as receitas.

Para termos uma noção deste esforço resta enumerar os principais capítulos para onde vai o dinheiro.
S.Social (reformas e subsídios) – 12 mil milhões
Saúde – 10 mil milhões
Educação – 9 mil milhões
Policias – 3 mil milhões
Forças Armadas – 3 mil milhões

Como pode Portugal reduzir a despesa em 12 mil milhões e aumentar a produção?
Essa é a grande questão, que eu julgo ser matematicamente impossível, mas isso sou eu, certamente os nossos governantes tem capacidades muito superiores às minhas…

Não podemos deixar de considerar o esforço europeu para manter o euro e as economias a funcionar e isto implica imprimir dinheiro massivamente para pagar dívidas dos estados mais endividados o que fará com que o Euro perca valor face a outras moedas.

2- Se Portugal sair do euro e todos os empréstimos e depósitos se mantiverem em euros o cenário é igualmente desolador.

Embora todos os aforradores mantenham as suas poupanças, todos os portugueses que tem empréstimos a cada mês que passa os encargos aumentam, pois a nova moeda vai desvalorizar entre 50% e 80% no primeiro ano.
Com esta desvalorização a maioria dos portugueses e empresas não consegue pagar os empréstimos que contraiu na banca, recebe na nova moeda desvalorizada, mas tem de pagar os empréstimos contraídos em euros.

Com falências diárias de empresas e particulares, também os bancos não conseguem cumprir os compromissos internacionais a que estão obrigados.
Sendo esta a solução mais justa perante todos os compromissos assumidos pelo país é impraticável e matematicamente impossível.

3 – Se Portugal sair do euro e todos os depósitos e empréstimos forem convertidos na nova moeda o cenário também não é agradável.
Para melhor defesa do país a taxa de conversão deve ser igual à taxa do ano 2000 quando Portugal aderiu ao Euro.

1,00€=200,482 Escudos Novos

Não sendo uma solução justa, é política e economicamente defensável, foi o rácio aplicado a todos os empréstimos e poupanças em 2000 quando entrámos na nova moeda (Euro) e é igualmente o rácio aplicado na saída do Euro a todos os empréstimos e depósitos.

As perdas para empresas e particulares aforradores serão enormes, mas passados alguns dias tudo volta a funcionar com moeda diferente.
As empresas melhoram bastante a sua competitividade visto que com a desvalorização conseguem vender ao exterior produtos muito mais baratos tornando-as mais competitivas aumentando bastante as exportações.

Voltando à vaca fria…o que fazer?

No que te diz mais directamente respeito (as tuas poupanças) teria feito exactamente o mesmo, dividindo tudo nas moedas mais fortes do mundo, a única diferença é que o teria feito em Abril ou Maio.

Tem risco?

Tem!

Mas actualmente não existe nenhum investimento sem risco!

Posso apenas garantir que actuando desta maneira não perdes 80% das poupanças…

Não perdes 70% das poupanças
Não perdes 60% das poupanças

Não perdes 50% das poupanças

Não perdes 40% das poupanças

Não perdes 30% das poupanças

Não perdes 20% das poupanças

Mas existe uma possibilidade mínima de perder 10%, o que é muito dinheiro...

Neste momento tens guardado no cofre bancário:

- 1/4 das tuas poupanças em USDolars
- 1/4 das tuas poupanças em Francos suíços

- 1/4 das tuas poupanças em Libras

- 1/4 das tuas poupanças em Euros
Se Portugal conseguir deixar de gastar 12 mil milhões até 2014…
Se a Europa resolver todos os seus problemas de dívida imprimindo dinheiro ou de outro forma qualquer…

Se o Euro valorizar face ao Dólar, Franco Suíço e Libra esterlina…
Tudo se resume a uma palavra, ACREDITAR…

Eu não acredito que Portugal se consiga manter no euro.
Se em Fevereiro de 2014 Portugal mantiver o euro como moeda eu começo a duvidar que tenha razão.

Se em Fevereiro de 2015 Portugal ainda se mantiver no euro eu tenho de assumir que estava completamente enganado!
Falaremos em 2015 se eu estiver enganado pago o café.

Como eu costumava dizer a um antigo patrão “a minha função é alertar, a sua é decidir, apenas desejo que tome boas decisões”

Mantenho-me como sempre disponível para qualquer esclarecimento.

Um grande abraço!

1 comentário:

O Portugal Bipolar disse...

Estava enganado e já paguei o café!
Apostas são apostas...
O meu engano, permite que quem recebeu esta carta esteja a ganhar +de 20%, como em equipa que ganha não se mexe vamos esperar até Abril de 2019!
Depois falamos...