quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Contando os milhões



Quando a crise da divida europeia estava no seu inicio a duvida para explicar a grandeza dos números era enorme.
Comecei por me referir a Biliões, era na altura o termo que achava mais apropriado para separar os 100 milhões que posso ganhar no totoloto dos 1000 milhões que o meu país necessita de pedir emprestado todos os meses para comer.
Depois o tempo foi passando, a troika foi chamada e as contas escondidas foram aparecendo.
Eram 14 mil milhões para as empresas de transporte,
Eram 40 mil milhões para as PPP,
Eram mais 20 mil milhões para as empresas municipais, enfim os números variavam, e continuam a variar 10 a 15%, para cima e para baixo consoante a fonte…
Entretanto veio também a divida da madeira, que não está pior nem melhor que o resto do país.
Tudo o que se passou na madeira a nível de ocultação de despesas, obras sem nexo, compadrios, combinação entre estado e empreiteiros sobre atrasos na facturação, etc…tem exemplos iguais no continente.
Isto revela apenas, para quem possa ter duvidas, que temos o mesmo ADN!
Independentemente do ADN, são mais 6 mil milhões!
Nunca mais se falou de BILIÕES, nem aqui nem em lado nenhum.
Entretanto chegou o valor que nos vão emprestar para pagarmos dividas e sobrevivermos até final do verão de 2013, e esse valor foi 78 mil milhões.
Ainda ouve gente de respeito que alvitrou o valor de 100 mil milhões, mas não pegou, e nós, nobre povo agradecemos os 78 mil milhões e assinamos um papelinho com várias alíneas que se intitulava memorando de entendimento…
Mas como fomos apenas os terceiros a esticar a mão para pedir dinheiro, também teremos de contar com os GREGOS que foram os primeiros e receberam 110 mil milhões!
Depois a Irlanda seguiu-lhes a pisadas e de mão estendida recebeu  85 mil milhões, só depois viemos nós…
Portugal em 2010 teve um PIB de 229,33 mil milhões de US DOLLARS, aplicando a cotação média de 1.35USD/1Euro obtemos 170 mil milhões de Euros.
Por coincidência é mais ou menos a divida que foi apurada pela TROIKA, julgo que até final do ano chegaremos aos 180 mil milhões de divida…
+PPP’S.
+ transportes.
+ Empresas municipais.
Se juntarmos a tudo isto a dívida privada já só pode dar para rir, pois chega a roçar o dantesco.
Então entre público e privado, emprestam mais de 400 mil milhões de Euros ao rectângulo e julgam que vão receber?
Anda tudo doido?
Em queda livre, chega a boa nova, o FEEF (Fundo Europeu de Estabilização Financeira) vai ser reforçado!
Vai?
Vai! Para 440 mil milhões…(HAHAHAHA….HEHEHEHEHE…HAHAHAHA)
440 mil milhões? Isso segundo o FT não chega para cobrir as perdas da banca europeia e respectiva recapitalização que eles afirmam ser de 500 mil milhões.
Mas a Europa, que não anda a dormir, e são gajos espertos até já encontraram a solução…
Vão transformar o FEEF em banco ficando a Europa com os bancos BCE e FEEF?!?
A finalidade do FEEF é comprar divida suberana de países em dificuldade, e transformado num banco pode “ALAVANCAR” os 440 mil milhões do fundo e transforma-los em
E a coisa vai correr bem, pois vistas bem as coisas a solução até é simples.
Vamos forrar o FEEF de divida GREGA que anda pelas ruas da amargura e com descontos de 50% pois já ninguém acredita que eles paguem, juntamos divida Portuguesa e Irlandesa, a Ajuda necessária para socorrer todos os bancos em dificuldade, de caminho, para não perder tempo vamos juntar um pouco de divida Italiana, Belga e espanhola e a coisa fica quase perfeita (Ainda ninguém se lembrou da França?).
Em final de 2013 quando regressarmos aos mercados com uma divida publica a rondar os 120% do PIB + divida privada, todos irão acreditar em nós!
Os sacrifícios vão valer a pena, pois vamos conseguir permanecer no euro!
Entretanto eu despeço-me pois o post já vai longo a até para mim a quantidade de estupidez tem limite!
Presumo que a vossa paciência também!

5 comentários:

Ramiro disse...

Boas!
O que me preocupa em relação a Portugal, é o facto de nós importar-mos anualmente mais cerca de 20 mil milhões de euros, em relação ao que exportamos, isso é viver de crédito, e a fonte quase que secou.
Quanto à dívida que contraímos ao FEEF/FMI, como é que vamos pagá-la?
É praticamente impossível conseguir pagar os valores em dívida pelo estado.
Para honrar os compromissos Portugal deveria crescer a cerca de 5% ao ano, nos próximos anos.
Mas pelo contrário parece que vamos ter crescimentos negativos nos próximos anos.
Daí que eu pergunte, como é que vamos pagar as dívidas?
Os credores perdoam-nos parte da dívida(Haircut)?
Ou o estado vende tudo o que é estatal, e ainda nos surripia os bens móveis e imóveis, empobrecendo desmesuradamente os portugueses para conseguir para a dívida?

Portugal Bipolar disse...

Boas Ramiro,

A tua pergunta faz todo o sentido!
Como pode Portugal pagar a sua divida, se os juros são superiores a 5% e temos crescimento negativo?
A resposta é simples...
Não pode!
Não pode Portugal, não podem os Gregos, os Irlandeses e provavelmente italianos e Belgas!
Eu pessoalmente acredito que o Euro vai sobreviver, mas não com Portugal a bordo, a nossa solução passa por abandonar uma moeda que não controlamos e por assumir que nem em sonhos conseguimos pagar tudo o que devemos!
Haircut?
Claro! Para Portugal, para a Grécia, e veremos para quantos mais!

Ramiro disse...

Se portugal abandonasse o euro, ficaríamos na mesma a pagar a dívida cotada em euros!
No meu caso pessoal, ainda me restam mais 23 anos de crédito do apartamento pela frente,...enquanto na situação actual ainda vou conseguindo amortizar um pouco do crédito anualmente, ...já por outro lado, se voltássemos ao escudo ou outra qualquer moeda, esta muito provavelmente desvalorizaria diariamente, implicando por isso a falência, tanto do estado como da maioria dos particulares, porque seria extremamente difícil honrar os compromissos em euros.
A opção de ser concorrencial ao achinesar salários e preços de produtos também não me agrada.
Na situação actual, que venha o diabo e escolha.

Portugal Bipolar disse...

Boas Ramiro,

Novamente concordo com o que dizes.
Também me faltam 19 anos para pagar o meu credito habitação e quando Portugal sair do euro, não me será possível manter o pagamento da divida, pois esta vai continuar a ser em euros.
Depois pensei...como eu, existem milhares de casas na mesma situação.
A solução só pode ser uma, quando Portugal assumir que não tem possibilidades de pagar a divida, iremos falar de um haircut de 30% a 50% ou mais...
O mesmo se vai passar no crédito habitação a solução vai ser tipo (Conversão automática da divida em escudos e das poupanças existentes nos bancos).
A taxa de conversão vai ser igual à taxa de entrada no euro (200.482).
Caso contrário, todos os empréstimos deixarão de ser pagos, pois seguindo o exemplo argentino, a desvalorização chegou aos 80%.
Ninguém consegue suportar essa desvalorização e continuar a pagar os seus empréstimos que se mantém em euros...
Qual a solução?
Manter tudo em segredo até ao último minuto (evita o pânico) depois informar a saída do euro e a conversão automática de todos os depósitos e poupanças em escudos.
Podemos demorar meses ou anos a entender, mas a solução final passará sempre pela saída de uma moeda forte que não controlamos e que para um país como o nosso é incomportável.

NEGO disse...
Este comentário foi removido pelo autor.